O relatório final do CNJ no âmbito da ADPF nº 635 apontou que o CV expandiu territórios após a decisão que restringiu operações
Bruna Lima Metrópoles
O relatório final do Conselho Nacional de Justiça no âmbito da ADPF nº 635, conhecida como ADPF das Favelas, apontou que o Comando Vermelho expandiu sua atuação territorial no Rio de Janeiro após a decisão do Supremo Tribunal Federal que restringiu operações em favelas, em 2020. O documento, que tem base em dados enviados pelas polícias do estado, foi enviado ao STF nesta segunda-feira (9/4).
A ADPF nº 635 restringiu operações em favelas durante o período da pandemia, entre 2021 e 2022, e, após o fim da situação de emergência sanitária, permite apenas operações que sejam comunicadas previamente ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
O relatório do Conselho Nacional de Justiça foi elaborado por um grupo de trabalho que acompanhou de perto a segurança pública do Rio de Janeiro, com a imersão no dia a dia das polícias e do sistema judiciário fluminense.
De acordo com o documento, baseado em dados da Polícia Civil do Rio de Janeiro, “após a implementação da ADPF 635, que impôs restrições à atuação policial, houve aumento significativo nos confrontos territoriais.”
“Ficou evidente que o Comando Vermelho, a maior organização criminosa do Rio de Janeiro, está expandindo suas operações e buscando maximizar seus domínios territoriais”, diz o documento.Play Video
Os dados fornecidos pela Polícia e reproduzidos pelo CNJ apontam que, a partir de 2021, o CV passou a disputar territórios, principalmente, na zona oeste do Rio, região historicamente controlada pelas milícias.
Ainda segundo o texto, o Comando Vermelho fez investidas para retomar territórios antigos que estavam sob domínio da facção Terceiro Comando Puro (TCP). Entre os quais, estão favelas no Centro do Rio, como o Complexo de São Carlos e o Complexo do Fallet-Fogueteiro-Turano.