Últimos dados apontam que 2024 tem o menor número de registros criminais de janeiro a agosto desde o ano de 2010. Tanto em crimes contra a vida quanto contra o patrimônio. Uma das estratégias é a dissuasão focada para evitar homicídios
Humberto Trezzi GZH
Os policiais gaúchos, tanto civis quanto militares e penais, estão orgulhosos. Conseguiram redução nos principais indicadores de crimes em relação ao mesmo período no ano passado, tanto nos delitos contra a vida como naqueles que dilapidam o patrimônio. Isso não só comparando agosto de 2023 com agosto de 2024. O entusiasmo é porque, se totalizados os períodos desses oito primeiros meses, são os melhores números em uma década e meia.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a série histórica aponta que 2024 tem, até agora, os menores números de homicídio, latrocínio, feminicídio, roubo a pedestre, roubo a estabelecimentos comerciais, roubo de veículos, assalto a ônibus, roubo a banco e abigeatos desde 2010. A expectativa é grande para ver se até o fim do ano essa tendência se confirma. Afinal, na virada de agosto para setembro, ocorreram algumas chacinas na Região Metropolitana e o número de homicídios pode aumentar. Mas o secretário Sandro Caron acredita que são atritos isolados e não se trata de uma guerra entre facções, tipo de evento que costuma fazer saltar os números de crimes contra a vida.
Ouvido pela coluna, o secretário ressalta que os mesmos indicadores de janeiro a agosto também foram reduzidos em Porto Alegre:
– Em relação aos crimes que por muito tempo atormentaram a população gaúcha, como roubos de veículos e assaltos a pedestres, temos uma estratégia muito clara. Aumentaram as ações ostensivas da BM nos pontos quentes em que mais atuam as quadrilhas. E a Polícia Civil tem reprimido de forma intensa a receptação, que atinge o produto do roubo.
Caron ressalta que o programa RS Seguro define todos os locais e horários para reforço no policiamento, com base nos horários e dias em que mais ocorrem assaltos. Um enfoque científico, o que contribui também para evitar latrocínios.
Em relação aos homicídios, oito em cada 10 têm como motivação disputas entre grupos do tráfico ou cobranças de dívidas, também de traficantes. A estratégia passa pela prisão tanto do segundo escalão das quadrilhas quanto dos líderes. E asfixia financeira.
Falamos com experientes policiais civis e eles ressaltam que a redução de assassinatos passa por uma estratégia chamada dissuasão focada, um conceito estudado internacionalmente. É responsabilizar os líderes de quadrilha pelos homicídios. Temerosos das penas altas para esse tipo de crime, eles acabam ordenando o fim dos conflitos.
– Quando identificamos os executores dos homicídios acabamos chegando aos mandantes, que, muitas vezes, já estão presos. Quando fica comprovada essa ligação, a liderança é afastada ou até transferida de Estado – confirma Caron.
São excelentes notícias e coincidem com a volta de divulgação de notícias por parte dos policiais civis, que vinham silenciando sobre suas ações, em reclamação contra o que consideram baixos índices de reajuste salarial. Que venham mais bons indicadores e melhores vencimentos aos dedicados policiais gaúchos.