Nos últimos sete dias foram dois casos, que elevou para seis somente nos três primeiros meses do ano. Associação cobra contratação de profissionais de saúde psicológica
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Por CRISTIANO SILVA Portal Gaz
O terceiro mês de 2023 vem chegando ao fim com a marca de seis suicídios de policiais da Brigada Militar (BM). Nessa segunda-feira, 27, o primeiro-sargento Pedro Vargas Moreira, que estava na reserva remunerada em Tramandaí, no Litoral Norte, atirou contra a cabeça com um revólver calibre 38 da marca Taurus registrado em seu nome.
Na segunda-feira da semana passada, o tenente Marcos Antônio do Amaral, do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) de Caxias do Sul, também se suicidou com um tiro na cabeça. A situação vem preocupando a categoria. Em entrevista à Gazeta do Sul, o soldado José Clemente da Silva Corrêa, que é presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), lamentou o momento e afirmou que a situação atual dos servidores da BM não está normal.
“A tropa está doente. O que tem nos preocupado é infelizmente termos que tocar neste tema delicado que é o suicídio, em que temos o maior indicador do Brasil. Desde 2021, quando 12 militares tiraram a vida, essa situação vem se agravando. Em 2022 foram nove e agora já chegamos a seis em apenas três meses”, disse o soldado.
Natural de Uruguaiana e com uma passagem de três anos por Santa Cruz do Sul, entre 1995 e 1997, Clemente preside a entidade que representa a grande massa de policiais militares no Rio Grande do Sul, com 8 mil associados, desde soldados até coronéis. Ao todo, são 16 sedes regionais, incluindo Santa Cruz do Sul.
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Para ele, os atendimentos psicológicos dentro dos batalhões surtem pouco efeito, uma vez que as vítimas tratam com oficiais superiores dentro da própria BM e não se sentem confortáveis em expor as situações. Segundo Clemente, há descontentamentos diversos dentro da tropa em relação ao Estado, desde a cobrança e pressão por resultados, passando por assédio moral até o plano de carreira, que não atende aos anseios dos policiais de linha de frente.
“Temos tentado buscar, por meio do comando da Brigada, uma solução. A saúde mental dos policiais militares está muito fragilizada e requer atenção. O governo precisa providenciar de forma urgente a contratação de profissionais de saúde mental e descentralizá-los do Estado, para que o militar não enxergue o oficial na sua frente mas sim o profissional médico”, disse o presidente da Abamf.
Mais um homicídio de PM na Capital
Na entrevista à Gazeta, o presidente da Abamf também comentou o caso do policial militar assassinado por um criminoso na noite de sábado, em Porto Alegre. O soldado Roniclei Luciano Graef Cipolato, de 46 anos, foi morto com um tiro no tórax enquanto perseguia um indivíduo em cima de um telhado, no Bairro Costa e Silva, em um ofensiva contra o tráfico de drogas. Em 11 de janeiro, outro PM, Lucas de Jesus Lima, de 27 anos, foi morto a tiros durante um assalto, também na Capital do Estado.
“Estamos vendo a exposição dos policiais militares nesses locais onde o tráfico impera e a violência está aumentando, pois o delinquente busca enfrentar a polícia. As abordagens precisam ter uma cautela e nossos colegas devem contar com maior atenção, pois casos assim vêm aumentando no nosso Estado. Temos que ter a percepção real desse cenário”, salientou o soldado José Clemente da Silva Corrêa.