É o segundo espaço criativo que será ocupado pela instituição bicentenária em Porto Alegre; o primeiro foi instalado em dezembro, no Tecnopuc
GZH
Em mais um passo na busca por digitalizar os serviços oferecidos, a Brigada Militar instalou mais um laboratório de inovação e pesquisa em Porto Alegre, desta vez no Instituto Caldeira. O local foi inaugurado na última sexta-feira (24). O setor funciona quase como uma startup dentro da corporação, buscando encontrar soluções para demandas e gargalos da segurança pública, em um trabalho feito junto a empresas privadas e comunidade academia.
O laboratório pretende, por meio da tecnologia, criar plataformas para digitalizar o maior número de serviços oferecidos pela BM, desde o atendimento nas ruas até o trabalho interno na corporação. Para isso, a equipe é multidisciplinar, composta por pessoas com conhecimento sobre desenvolvimento de software, área jurídica e marketing — todos PMs. A partir do trabalho, a expectativa é criar uma mudança de cultura na instituição de quase 200 anos. O primeiro laboratório da BM já havia sido inaugurado em dezembro, no Parque Científico e Tecnológico da PUC-RS (Tecnopuc), dentro da universidade em Porto Alegre.
A iniciativa também estará na segunda edição do South Summit, que começa nesta quarta-feira (29), em Porto Alegre, no espaço reservados a setores do governo do Estado.
Agora, poucos meses depois, um segundo espaço é lançado no Caldeira, localizado no Quarto Distrito. Conforme a direção do laboratório, o ambiente oferecido ali é terreno fértil para o desenvolvimento de ideias e projetos. Criado em 2019, o instituto conecta empresas, universidades e diversas outras instituições no objetivo de estimular o empreendedorismo e desenvolver projetos de inovação que tragam melhorias para a cidade.
De acordo com o coordenador do laboratório, tenente-coronel Roberto Donato, uma das metas a ser colocada em prática na nova casa já está definida:
— Queremos criar um escudo do Quarto Distrito. Então vamos trabalhar com reconhecimento facial, leitor de placas de carros, sensores de movimentos em locais pré-determinado. Por exemplo, se não é permitido transitar em determinada área durante à noite e ela for violada, nós receberemos um alerta, seremos avisados. Por meio de estudos e de ciência de dados, vamos buscar a melhor aplicação da tecnologia.
Por meio desse projeto, a equipe vai abastecer sua base de dados e, a partir dela, criar protocolos de atendimento para cada tipo de ocorrência. Depois, no futuro e com o projeto “mais redondo”, a expectativa é que a estratégia possa ser levada para o resto da cidade, para ser usada em operações da BM.
— Faremos o estudo dos dados que forem obtidos aqui, e vamos cruzá-los com o índice de gravidade de cada ocorrência, que também estamos desenvolvendo. Com isso, poderemos criar protocolos que estabelecem quais tecnologias podem ser usadas nos diferentes tipos de delitos, como roubo de veículo e assalto a pedestre. No futuro, isso poderá ser usado em qualquer lugar de Porto Alegre e do Estado, agilizando o atendimento — avalia o policial, que é doutorando em Inovação pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Formação de PMs
Outro projeto em desenvolvimento no local é voltado para a formação de novos servidores da BM. O objetivo é que os cursos oferecidos para quem ingressa na corporação sejam totalmente online, podendo ser acessados pelos novos PMs em qualquer local do Estado. Além de reduzir o gasto com papel, a automatização de procedimentos é um dos ganhos, explica Donato:
— Toda a gestão de ensino pode ser feita ali, como controle de faltas, de aulas de professores, o acompanhamento de aproveitamento. Com isso, vão sendo gerados relatórios. O sistema vai ajudar a identificar, por exemplo, as habilidades de cada pessoa. Aquelas que têm mais facilidade com exatas, podem ser remanejados para funções específicas, e assim por diante.
A criação desta ferramenta envolverá outros setores da BM, como integrantes do departamento de Ensino e de áreas pedagógicas e administrativas, que apresentarão suas demandas a empresas e startups que queiram desenvolver produtos para a área da segurança pública.
— Por meio dessa conexão com a iniciativa privada, buscamos desenvolver plataformas para digitalizar o maior número de serviços da BM, criando as soluções junto das empresas — resume Donato.
Novo espaço
Se o espaço no Tecnopuc traz uma base acadêmica ao laboratório da BM, o Caldeira vai conectar o grupo com diversas empresas. Os dois espaços possibilitam à equipe uma comunicação mais ágil e alinhada com os demais setores.
— Nesses locais, podemos apresentar para as empresas, startups, as nossas demandas, fazendo com que elas identifiquem possibilidades, soluções, negócios, empregos que podem ser criados para melhorar o serviço da segurança pública como um todo no Estado.
A ideia de um segundo laboratório vinha sendo delineada há cerca de 45 dias, entre a BM e o CEO do instituto, Pedro Valério, que avalia como positiva a presença de uma importante instituição da segurança pública dentro do Caldeira.
— É muito gratificante poder contar com uma instituição que é fundamental para o desenvolvimento do Estado, e saber que eles estão olhando profundamente para o uso de tecnologia, com o olhar voltado a inovação dentro dessa área. Ter a segurança pública dentro desse ecossistema é indispensável para transformarmos o 4º Distrito no que acreditamos que pode se tornar — avalia Valério.