A aprovação do projeto do governo que reestrutura as contribuições do IPE-Saúde não poderia representar uma comprovação maior de que os servidores públicos estão sem apoio político, mas, sobretudo, sem rumo.
Inobstante as entidades representativas tentarem pela via da pressão política demover os deputados a votarem o projeto que onera de forma desproporcional os combalidos salários, restou o jogo perdido e de goleada.
As milhares de mensagens recebidas pelos deputados só se transferiram de lugar, saindo da caixa de entrada, direto para a chamada “sexta seção”.
Temos a nítida sensação que a classe política, ao contrario de 20 anos atrás, conseguiu perceber que não temos nenhuma articulação política, sendo uma massa de eleitores que ao final permite ser cooptada por eles próprios, independentemente da postura que tenham durante o mandato, ainda que contra os interesses dos servidores públicos.
Sendo assim somos corresponsáveis pela nossa tragédia.
Se estamos contra nós, quem estará a nosso favor?
Estamos nos enredando em uma rede traiçoeira que partidariza a todos e retira o senso classista que deveria mover nossas defesas, pois ali, no nosso trabalho, estão as nossas garantias e de nossa família.
Ao contrario, nos digladiamos entre “bolsonaristas” e “lulistas” e o veneno vem de todos os lados.
Os lideres sindicais, juntamente com os deputados, por exemplo, no dia da votação bradavam traição por parte do governador, quando para eleger Lula, votaram em massa em Eduardo Leite no segundo turno.
Também não sabemos se ao contrário, Onyx Lorenzoni fosse o governador não teríamos uma derrota em maior proporção, uma vez que o próprio PL votou fechado em 90% com Eduardo Leite, contando inclusive com a abstenção do seu filho Rodrigo Lorenzoni que ao não votar ajudou pela aprovação.
Em se tratando dos militares estaduais, em especial, pulverizamos mais de 800 mil votos em favor dos mandatos dos atuais deputados, sendo necessário apenas “votar em brigadiano” para ter cadeiras reservadas na AL. Todavia, policiais e professores eleitos, também ajudaram a aprovar o projeto contrário aos nossos interesses.
Insistimos no erro de imaginar que a oposição está a nosso favor por defesa às nossas causas, quando exercem esse papel de forma supletiva, e na maioria das vezes por oportunismo, bastando ser governo para nos abandonarem na caminhada, quando já não o fazem em meio ao mandato. Caso concreto foi o PDT que bastou um sorriso carinhoso do governo para estar fechado com o projeto do governo. Mesmo o chamado “brigadiano barbudo” voltou a sua origem, dando baixa do “Batalhão dos Oportunistas” e apoiando o governo. E assim segue nossa dura realidade.
Não há outra forma que não seja revisar os conceitos, as formas de articulação política e reconhecer que somos meros batalhões de eleitores sem organização continuando a ser muito bem usados pela classe política dominante.
Acompanhando o embalo da música, é importante saber que “o mundo não para”. Ali na frente teremos outras questões como paridade e integralidade e o papel das polícias militares já em discussão pelo poder central.
Há apenas uma saída para essa verdadeira guerra. Cada um de nós ter a humildade de reconhecer seus erros e começar logo essa retomada da união dos militares estaduais, para que os anéis não venham a desaparecer com os próprios dedos.