Durante meio século, mais precisamente de 1884 a 1935, o serviço de combate a incêndios de Porto Alegre ficou nas mãos das companhias de seguros que atuavam na capital. De 1883 a 1894, a Sociedade de Seguros Terrestres e Marítimos Porto-Alegrense assumiu sozinha esta tarefa, mas a qualidade do seu serviço sempre foi criticada. Por isto, as empresas de seguros, nacionais e estrangeiras, resolveram unificar as suas forças e criar uma organização de combate a incêndio mais robusta.
Então, no dia 1° de março de 1895, nasce a Companhia de Bombeiros de Porto Alegre (Cia Bom PA). Os recursos financeiros da pequena unidade eram de duplo patrocínio. Parte deles eram oriundos das taxas de incêndio e o outro quinhão vinha dos cofres públicos da Intendência Municipal, numa espécie de parceria público-privada.
Sua primeira sede foi na rua Jerônimo Coelho, onde hoje está localizada a Seção de Transporte da Subchefia da Casa Militar do governo do estado. Neste pequeno quartel de quatro águas, os disciplinados bombeiros civis, mas com estrutura semelhante ao militar, se distribuíam em bombas de incêndio movidas pela tração humana e animal.
Os pioneiros entraram para a história como os “17 Legendários”. Três deles são conhecidos. O português Norberto Garrido da Silva, o primeiro comandante da companhia e os seus dois filhos, Joaquim e Antônio, comandantes das duas seções de bombeiros.
Os veículos de tração humana foram extintos em 1900, no mesmo ano que foi criada a sede da 2ª Seção de Bombeiros na Praça Visconde de Rio Branco, hoje Praça Rui Barbosa, com o objetivo de diminuir o tempo-resposta das parelhas de muares. Em 1910, a sede da Jerônimo Coelho é extinta e, dois anos depois, é adquirido o terreno do futuro Destacamento Leste, atual Pelotão de Bombeiro Militar do Bairro Floresta.
Acima do comando operacional havia uma diretoria responsável pela parte administrativa da unidade. Entre os vários diretores podemos destacar o Ten Cel Fellipe Benício Freitas de Noronha, o primeiro diretor, e o Ten Cel Antonio Mostardeiro Filho, o mais longevo. Ambos pertenciam aos quadros da Guarda Nacional.
Dois oficiais do exército fizeram história neste cargo. Um foi o General Adalberto Augusto dos Reis Petrasi, fundador da Escola Profissional de Bombeiros, e o outro, o General José Ignácio da Cunha Rasgado, instrutor da tropa durante 25 anos. Pelo reconhecimento dos seus trabalhos, eles receberam uma justa homenagem no casco de duas lanchas-bombas.
Ao longo dos seus 40 anos de existência, a Cia Bom PA formou uma frota de caminhões auto-tanques da marca alemã MULAG. O ABT N° 1, de 1909, ainda existe, funciona e desfila nas principais datas festivas do Rio Grande do Sul sendo um atrativo à parte nas feiras de segurança contra incêndio.
Em 1935, o General Antônio Flores da Cunha, criou o Corpo de Bombeiros da Brigada Militar. Com o apoio de Alberto Bins, Prefeito de Porto Alegre, ele incorporou os 71 bombeiros civis da Cia Bom PA. Além dos homens, a Brigada Militar recebeu as viaturas, os prédios, os equipamentos e todo o passado de glória da Companhia de Bombeiros que deixou de existir, encerrando um ciclo de valorosos serviços prestados à sociedade porto-alegrense.
A saga completa destes bombeiros é contada no livro “Companhia de Bombeiros de Porto Alegre – Resgate de uma História (1895-1935) ” da editora santa-mariense Rio das Letras. A autoria é do Tenente-Coronel Daniel da Silva Adriano, veterano do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar.
Após uma pesquisa de 2 anos, a obra foi lançada em 2022, durante as comemorações dos 250 anos de Porto Alegre, numa bela cerimônia na Biblioteca Pública do Estado com o apoio da Associação de Bombeiros do Rio Grande do Sul (ABERGS) e do Instituto Cultural 2 de Julho, entidade criada para a preservação do patrimônio histórico-cultural do Corpo de Bombeiro Militar gaúcho.
No XXI Seminário Nacional de Bombeiros (SENABOM), o maior do gênero na América Latina, ocorrido no mês de outubro de 2023 na cidade de Gramado, foi anunciada uma novidade. Agora é possível ter acesso ao formato e-book através do site da amazon.com.br. O livro físico é comercializado pelo próprio autor ao custo de R$60,00, mais as despesas postais.
Companhia de Bombeiros de Porto Alegre – Resgate de uma História é uma ótima opção de leitura às pessoas que têm gosto pelo conhecimento da história das organizações, sendo um retrato inédito sobre a gênese do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
Este artigo faz parte da Obra “Companhia de Bombeiros de Porto Alegre”, do escritor Daniel da Silva Adriano
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