Fuzil, submetralhadora e espingarda foram recolhidos por policiais da 1ª Delegacia de Homicídios da Capital durante investigações
LETICIA MENDES GZH
Um possível local de armazenamento de armas usado por uma facção foi descoberto pela equipe da 1ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre. Agentes encontraram dentro de um apartamento no bairro Restinga, na Zona Sul, três armamentos com alto poder de fogo, munições e outros apetrechos usados pelo grupo criminoso. Durante a ação, um suspeito de tráfico de drogas foi preso nas proximidades.
Os policiais estavam no bairro realizando buscas por um foragido, com mandado de prisão por homicídio. Durante as apurações, receberam informações sobre um local que estaria sendo usado pela facção que domina o tráfico do local, como ponto para guardar armas, que seriam empregadas na segurança do grupo e durante ataques a rivais.
— Foram feitas investigações preliminares para confirmação do local. Quando a equipe entrou, já conseguiu visualizar os armamentos e houve a apreensão — detalhou a delegada Clarissa Demartini, titular da 1ª Delegacia de Homicídios.
Dentro do apartamento, os agentes localizaram um fuzil T4, uma espingarda de calibre 12 e uma submetralhadora. Também foram encontradas mais de cem munições de fuzil, além de balaclavas (máscaras), coletes balísticos, rádio transmissor e camisetas idênticas às da Superintendência dos Serviços Penitenciários. É comum o crime organizado fazer uso de fardamentos semelhantes aos de forças da segurança.
Preso mil
Na sequência dessa localização das armas, um homem foi preso nas proximidades com uma quantia de maconha. Com este flagrante por tráfico de drogas realizado neste caso, chegou a mil o número de pessoas presas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) neste ano.
— A apreensão realizada representa um impacto significativo ao grupo criminoso e dela se depreende o modus operandi que já é conhecido, qual seja, a tentativa de subsidiar o êxito do ataque com os criminosos se passando por integrantes das forças de segurança — disse o diretor do DHPP delegado Mario Souza.
Uma das suspeitas da polícia é de que quem estava no apartamento armazenando as armas tenha escapado pouco antes da chegada dos policiais.
— São armas que se tem muito cuidado no armazenamento e somente homens de confiança conseguem ficar com este tipo de arma, quer seja armazenando, quer seja à disposição. Uma apreensão assim mostra a vulnerabilidade que o crime acaba apresentando, e a força de segurança atuando para de fato desmantelar e desarmar esse grupo criminoso — disse a delegada.
A polícia dará seguimento à investigação para identificar a origem dessas armas e os fornecedores, assim como entender o motivo por que estavam naquele local, se o grupo se preparava, por exemplo, para algum ataque ou se o apartamento era usado como depósito pela facção. As armas, que apresentavam numeração raspada, serão encaminhadas para análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
— Para nós, essa apreensão é relevante por dois aspectos. Primeiro, pelo poder de fogo que essas armas têm, são armas de grosso calibre, que geram um dano muito maior do que aquelas que ordinariamente a gente acaba apreendendo, que são as pistolas. E segundo porque acaba tendo um impacto grande na organização criminosa, por conta do valor que esse armamento representa. É uma diminuição do poderio bélico — diz a delegada.