Gustavo de Azevedo Barbosa Júnior foi morto durante abordagem a veículo roubado, em 2019
Marcel Horowitz Correio do Povo
Um réu foi absolvido e outro condenado, por 4×3 votos, pelo assassinato do policial militar Gustavo de Azevedo Barbosa Júnior. O júri terminou no início da noite de quinta-feira, após quase dois dias. A juíza Alice da Rosa Schuh presidiu o julgamento, no Foro Central de Porto Alegre.
Os fatos ocorreram em 2019. Na ocasião, o soldado e um colega do 1º BPM foram alvejados em abordagem a um veículo roubado, na zona Sul da Capital.
Ambos os réus negaram participação no crime. Luis Vinícius Alves Azeredo, acusado de ter sido o atirador, foi absolvido. Dejair Quadros de Almeida, apontado pela acusação como condutor do automóvel, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio qualificado, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e roubo.
A advogada Eduarda Garcia, à frente da defesa dele, disse que vai recorrer da decisão. Ela também sustentou que amostras de DNA comprovariam o envolvimento de outra pessoa no crime.
“Existe possibilidade da nulidade do júri, porque a promotoria mencionou elementos que não estavam na pronúncia. O Dejair não foi acusado de disparar nem de planejar o crime. As acusações eram que ele seria motorista. Além disso, apontamos falhas no reconhecimento fotográfico e a falta de vestígios que comprovassem a presença dele no carro. Há o DNA de outras pessoas, que não vieram a júri mas estavam no veículo. Houve uma falha gravíssima da Polícia Civil, que deveria ter investigado mais. Isso é lamentável até para a Brigada Militar, não vê sentimento de justiça. Fizemos uma defesa técnica, tanto que a decisão do Júri foi dividida. Um inocente foi condenado, por isso vamos recorrer”, afirmou a jurista.
Responsável pela acusação, o Ministério Público também destacou que avalia entrar com recurso contra a absolvição de um dos réus.
“Lamentamos a absolvição de um dos réus e estudamos entrar com recurso. Um membro da BM perdeu a vida quando estava à serviço da sociedade e outro, por sorte não teve a vida ceifada. Todavia, a condenação do outro acusado demostrou repúdio a esse crime bárbaro. A família da vítima encontrou conforto nisso e a sociedade teve a resposta que o Júri repudia esse tipo de criminalidade”, definiu o promotor André Gonçalves Martínez.
Relembre o caso
O crime ocorreu na madrugada de 10 de julho de 2019, no bairro Teresópolis. Na data, os soldados estavam de serviço e avistaram um veículo roubado.
Ao serem abordados, os tripulantes do automóvel reagiram e houve troca de tiros. Gustavo foi atingido por um disparo na cabeça e não resistiu. Ele tinha 26 anos.
Os bandidos fugiram do local, abandonando o veículo, armas e uma mulher, que teria sido sequestrada momentos antes. O MP sustenta que eles pretendiam, com o sequestro, que ela fornecesse o paradeiro de seu ex-companheiro, pertencente a uma facção rival