É de conhecimento geral a situação de calamidade pública decorrente das chuvas intensas que assolam o Estado do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, a situação é de alerta, pois o nível do Guaíba continua em elevação. Inundações e alagamentos são situações de risco para a disseminação de algumas doenças, sendo a leptospirose uma das mais comuns.
O QUE É?
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. O período de incubação, ou seja, intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro clínico, os principais diagnósticos diferenciais são dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, entre outras doenças.
QUANDO SUSPEITAR?
Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.
Fase Precoce Os principais sintomas são:
● Febre
● Dor de cabeça
● Dor muscular, principalmente nas panturrilhas
● Falta de apetite
● Náuseas/vômitos Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e sufusão conjuntival.
Fase Tardia
Pode acometer em torno de 15% dos pacientes.
● Síndrome de Weil – tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias
● Síndrome de hemorragia pulmonar – lesão pulmonar aguda e sangramento maciço
● Comprometimento pulmonar – tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica
● Síndrome da angústia respiratória aguda – SARA
● Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central.
O QUE FAZER?
Não existem medicações que previnam (quimioprofilaxia) a infecção por leptospirose após o contato com a bactéria, portanto é de suma importância o seguir as a seguir.
PROCURE ATENDIMENTO MÉDICO:
Caso tenha tido contato com áreas de risco (inundações, alagamentos) e o desenvolvimento dos sintomas descritos na fase precoce, procure atendimento médico em unidades de pronto atendimento para uma avaliação médica, realização de exames diagnósticos e o início do tratamento com antibióticos.
PREVINA-SE:
Cuidados com a água para consumo humano. Garanta a utilização de água potável, filtrada, fervida ou clorada para consumo humano, haja vista serem comuns quebras na canalização durante as enchentes. A lama de enchentes tem alto poder infectante e adere a móveis, paredes e chão. Recomenda-se retirar essa lama (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha) e lavar o local, desinfetando-o a seguir com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicione duas xícaras de chá (400mL) de hipoclorito de sódio a 2,5%. Aplicar essa solução nos locais contaminados com lama, deixando agir por 15 minutos. Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés). Para o controle dos roedores, recomenda-se acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d’água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados.
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre-HBMPA.