Primeiros agentes reintegrados voltaram à ativa na segunda-feira (13) distribuídos inicialmente em sete municípios da Região Metropolitana e dos vales do Sinos e Taquari
JEAN PEIXOTO GZH
Cerca de 300 policiais militares da reserva passaram a reforçar a segurança dos abrigos montados para as vítimas das enchentes que atingiram o RS nas últimas semanas. O reingresso dos agentes que foram para a reserva nos últimos 10 anos ocorre por meio do Programa Mais Efetivo (PME), que teve o edital lançado na sexta-feira (10) da semana passada.
Na ocasião, foram abertas mil vagas para ex-integrantes da Brigada Militar (BM), permitindo que eles retornem às atividades por um período inicial de 90 dias, com possibilidade de prorrogação. Com a baixa adesão, a BM abriu um novo edital permanente nessa segunda-feira (13).
Os primeiros agentes começaram a atuar na noite de segunda-feira e os demais na manhã desta terça (14). Os policiais serão distribuídos inicialmente em sete municípios da Região Metropolitana e dos vales do Sinos e Taquari. Segundo o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, as localidades foram escolhidas pelo número de pessoas desabrigadas.
Só na zona norte de Porto Alegre, que é atendida pelo 11º e 20º batalhões de Polícia Militar (BPM), 30 abrigos receberam reforço dos agentes reintegrados entre esta segunda e terça.
— Visualizamos que haveria uma demanda grande nessas áreas. Porto Alegre, por exemplo, tem 134 abrigos, só entre os cadastrados pela prefeitura — pontua Feoli.
Cidades atendidas
- Porto Alegre
- Novo Hamburgo
- São Leopoldo
- Guaíba
- Lajeado
- Estrela
- Gravataí
Capacitação
O comandante explica que os policiais reintegrados passaram por um treinamento, que foi realizado em duas etapas. A primeira foi feita à distância e a segunda ocorreu no último fim de semana presencialmente.
No sábado (11), os selecionados assistiram a aulas teóricas sobre temas como violência doméstica conforme a Lei Maria da Penha, saúde mental, Novo Regimento da Brigada Militar, policiamento antirracista e instruções para utilizar o aplicativo BM Mob, usado para registrar ocorrências e atos administrativos. Já no segundo dia, os militares passaram por treinamento e prova de tiro, para se adaptarem ao armamento atual.
Vigilância em tempo integral
Os militares atuam em duplas e em turnos revezados para atender os abrigos 24 horas por dia. A reportagem esteve em dois abrigos da área de abrangência do 11º BPM onde os militares atuarão em tempo integral.
No abrigo montado no complexo esportivo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde 258 pessoas são acolhidas, dois policiais da reserva passaram a reforçar a atuação da segurança interna nesta terça. Segundo o coordenador de segurança da universidade, Anderson Pacheco, as forças de segurança pública atuam em conjunto com os sete vigilantes da instituição que se dividem em turnos de 10 horas para atender aos abrigados.
Pacheco pontua que os novos agentes chegaram ao local por iniciativa do governo e avalia o reforço positivamente. Segundo ele, mesmo antes dos agentes fixos, outros policiais militares e também civis já efetuavam rondas diárias pelo local, onde os abrigados se alimentam, recebem atendimento médico e podem entrar e sair para trabalhar.
— Esse reforço da Brigada Militar aqui dentro do espaço é superútil, tendo esse contato direto entre a segurança privada e a força de segurança pública, até porque nós aqui trabalhamos de forma preventiva — diz.
O comandante da BM sublinha que a presença de policiamento nos abrigos é importante devido aos diferentes tipos de situações que podem ocorrer neste tipo de alocação.
— A prevenção é o nosso foco. Temos nos abrigos um contingente populacional que, à medida que o tempo passa, pode gerar uma série de ocorrências, desde desavenças a surtos psicóticos, como já recebemos relatos — pondera Feoli.
O novo edital aberto na segunda-feira terá inscrições homologadas de maneira semanal. Conforme Feoli, neste novo chamamento, o policial reintegrado poderá voltar à ativa em até três dias.