Edição Impressa

A representação exige mais do que silêncio e ausência!!!??? Ou não???!!!

Marco Antônio Moura dos Santos[1]

A partir do artigo de Giane Guerra “A inexplicável ausência de deputados na briga pelo sul”[2], emerge um antigo problema histórico da política gaúcha: a notória carência de representação e liderança parlamentar na luta pela defesa dos interesses regionais. O silêncio e falta de presença de toda a delegação com 31 deputados federais, conforme relatado pela jornalista, em um ato parlamentar formal em favor de um fundo constitucional para as regiões Sul e Sudeste, para ajustar o pacto federativo, dificilmente pode ser classificado como descuido; é um reflexo da realidade política, que têm gerado o enfraquecimento progressivo do Rio Grande do Sul no cenário nacional ao longo dos anos, por culpa de nossa própria representação ou falta dela.

Ter um lugar no Congresso Nacional é uma responsabilidade que vai além da simples presença física; é de desempenhar o papel e poder do povo, sustentando suas esperanças e aspirações. O fato de não haver deputados gaúchos em uma sessão de tamanha importância não apenas desnuda uma ausência de representação, mas também a perda de poder e legitimidade que são fundamentais para as relações federativas. Isso, por sua vez, aprofunda o ceticismo da população quanto a eficácia e o funcionamento real do sistema partidário.

Este fato reflete não apenas fraquezas das agendas políticas, mas também as restrições estruturais de coordenação de estratégias e da missão pública de representação gaúcha. Em contraste, observa-se a situação oposta do sul para o Norte e Nordeste, regiões em que seus representantes que têm conseguido estabelecer frentes parlamentares robustas, valendo-se das oportunidades, sem hesitações ou disputas.

Embora a Constituição de 1988 tenha instituído fundos direcionados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste com o intuito de corrigir desigualdades, é evidente que o Sul também enfrenta desafios próprios, desde infraestrutura obsoleta até questões de migração industrial. Além disso, os baixos índices de investimento federal em planejamento regional e os obstáculos impostos pela transição energética atual também são preocupações legítimas. Essa realidade revelando uma “desistência”, por parte da bancada gaúcha, em pleitear participação em um novo fundo constitucional, perpetuando sua paralisia em um cenário federativo que demanda decisões econômicas urgentes, realmente é preocupante!

Por isso é crucial provocar uma reflexão na mentalidade dos representantes gaúchos sobre o seu papel nesta dinâmica estatal. Nosso tempo requer uma união firme contra qualquer delegação inadequada de poderes políticos, independentemente das diferenças partidárias, focalizando numa agenda regionalista que seja respaldada por um projeto estratégico claro e elaborado com a participação de todos os interessados.

E para que isso aconteça, são necessárias algumas ações fundamentais: (1) fortalecer um Fórum Permanente Gaúcho, com agendas amplas e definidas; (2) estabelecer mecanismos de responsabilidade pública claros, que detalhem as participações dos deputados em trabalhos legislativos; (3) reforçar a presença do estado, junto aos ministérios; assim como (4) formar e permitir que novos líderes conscientes das complexidades atuais possam defendê-las estrategicamente.

A crítica levantada por Giane Guerra expressa mais do que observações jornalísticas! Ela é alimento para a reflexão sobre o nosso papel enquanto cidadãos e dos representantes políticos que escolhemos. Por isso o gap representativo chama tanto a atenção desta maneira, pois também é o reflexo de uma apatia social generalizada em relação às questões políticas. E por isso é urgente reverter este infeliz estado de coisas, além de restabelecer o forte laço entre a sociedade e seus membros, reivindicando o sentido de pertencimento que marca a cultura do Rio Grande do Sul.

O Estado, admirado por sua ousadia, criatividade e resiliência, precisa abandonar a inação e letargia! Este é o momento de transformar a indignação em projetos reais, unindo forças para que os interesses legítimos dos gaúchos sejam realmente atendidos no coração da República.

É hora de questionar a formação da atual bancada, propor as mudanças necessárias e redefinir o significado da representatividade federal do Rio Grande do Sul.
Não podemos permanecer inertes! É tempo de agir e de reconstruir a presença política de um povo que sempre se fez ouvir. E não apenas acreditar em narrativas.

A representação exige mais do que silêncio e ausência!!!??? Ou não???!!!


[1] Coronel da Reserva da Brigada Militar e Especialista em Integração e MERCOSUL (UFRGS)

[2]Coluna de Giane Guerra (Zero Hora, “Inexplicável ausência de deputados na briga pelo Sul”). In: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/giane-guerra/noticia/2025/10/faltou-tempo-nenhum-deputado-do-rs-foi-a-criacao-da-comissao-para-buscar-fundo-de-financiamento-para-o-sul-cmh552x1q024i015gd1atpx7i.html#:~:text=Canal%20da%20Giane%20Guerra:%20saiba,not%C3%ADcias%20de%20economia%20no%20WhatsApp

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