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Discurso de ódio. Falar o quê?

Marco Antônio Moura dos Santos[1]

Todos os dias temos novidades midiáticas que nos impactam de forma incompreensível. Todos os dias ouvimos manifestações e tomamos conhecimento de situações tristes, nefastas, pesadas, difíceis; a respeito de amigos, conhecidos e ou desconhecidos, muitos que deixam o nosso plano, passam por problemas que não seriam desejados por quaisquer um de nós ou mesmo para quaisquer um de nós.  Essa é a realidade!

Mas também vivemos em um mundo, no qual as pessoas buscam cada vez mais serem protagonistas virtuais de suas narrativas, de suas mensagens e postagens, a fim de tornarem-se mais e mais “reconhecidas” por suas “imagens construídas”.

Em vários grupos e redes sociais houve a comunicação de que “alguém” havia se manifestado de forma completamente “infeliz” a respeito da morte de uma pessoa pública, Charlie Kirk ocorrida nos Estados Unidos.

Eduardo Bueno, “peninha”, que tem uma “aura” de intelectual, apoiado e prestigiado por rede de comunicação tradicional, artista, jornalista, “historiador”, fez uma publicação insensível, deplorável, descompromissada com os princípios de solidariedade e caridade, repugnante, que afronta a sociedade como um todo.  Mesmo que possamos ter presente quaisquer entendimentos amplos de liberdade de expressão, pensamentos e sentimentos expressos dessa forma assustam a quem busca a paz social.

Essas manifestações virulentas e extremistas, podem ser sim consideradas como “discurso de ódio”, pois promovem e propugnam hostilidade, violência contra uma pessoa ou grupo de pessoas, em vista de suas características e mais do que isso, em virtude de seus pensamentos.

Felizmente estamos contando com as mais distintas contrariedades expressas por setores da sociedade, instituições públicas e privadas, de ensino superior[2], personalidades, políticos, entre tantas outras e, logicamente, que nos dão a certeza de que essa postura indevida representa uma parcela pequena da sociedade, mas também nos mostra e reforça que há um processo muito forte de DESUMANIZAÇÃO presente em nossa cultura. Prova disso que há também “silêncio” a respeito do ocorrido.

Ou seja, o que esperar de uma personalidade como o “peninha”, que apresenta sua postura sempre dessa forma, demonstrando sua despreocupação com virtudes, valores, princípios, coerência e com amor pelo próximo.  Ou como ele mesmo diz, “não sou democrata, sou autocrata”.

Segundo sabemos a publicação não está mais disponível na rede social, no entanto há muitas referências a respeito dela.   Assistir e ouvir o que ele pensa e diz, relativo a pessoa assassinada já é triste e repugnante, mas o pior é ouvir o que pensa e diz a respeito das crianças que deixam de contar com seu pai a partir do vil ataque sofrido.

Precisamos virar a página, romper com essa marcha declarada de violência, de ódio, de anarquia, de repulsa aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, da preservação dos direitos humanos, da caridade e do amor, que deve prevalecer entre as pessoas.

Esperamos que esse padrão de comportamento apresentado e publicado[3] seja devidamente responsabilizado.  Vamos aguardar os posicionamentos devidos.

13 setembro de 2025


[1] CORONEL QOEM Res Brigada Militar/RS e Especialista Segurança Pública/PUC

[2] A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) cancelou um evento marcado para esse domingo, 14, com o historiador Eduardo Bueno. O cancelamento ocorreu após ele publicar um vídeo em suas redes sociais comemorando o assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk, morto por um tiro em um campus universitário em Utah, nos Estados Unidos, na última quarta-feira, 10.In https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADtica/eduardo-bueno-comemora-morte-de-charlie-kirk-e-tem-evento-cancelado-em-porto-alegre-1.1647917

[3] https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/reacoes-nao-intimidam-celebracao-sobre-morte-de-kirk/

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