Canil do 3º Batalhão de Polícia de Choque conta com 12 cães que atuam em diferentes ocorrências. Setor existe desde a década de 1980
Tatiana Tramontina GZH
O trabalho policial em Passo Fundo também tem quatro patas, faro apurado e disposição que impressiona até quem vive a rotina da segurança pública. É na sede do 3º Regimento de Polícia Montada (3º RPMon), no bairro Lucas Araújo, que funciona o canil do 3º Batalhão de Polícia de Choque (3º BPChq).
Ativo desde a década de 1980, hoje o espaço reúne 12 cães treinados para atuar em diferentes ocorrências: do faro de drogas e armas a ações de controle de distúrbios, rebeliões em presídios e patrulhamento tático motorizado. Nas linhas de Controle de Distúrbios Civis (CDC), por exemplo, os cães ficam atrás dos escudos, reforçando a segurança das equipes.
— Os cães são adquiridos pelos próprios militares. Depois de um ano, eles entram no que chamamos de carga da Brigada Militar e, a partir daí, é que fazem parte mesmo do plantel canino — explica o soldado Anderson da Costa, integrante mais antigo do canil.
É o trabalho diário com a tropa canina que forma a parceria com os policiais e vai muito além do trabalho operacional. Cada animal tem nome, ficha veterinária atualizada, rotina rígida de alimentação e treinamento.
Apesar da estrutura de 45 anos, o espaço está em constante reforma. São os próprios policiais que cortam a grama, limpam o pátio, organizam o estoque de ração e realizam pequenos reparos. Os espaços onde os cães dormem são higienizados diariamente, e cada animal recebe duas refeições — somando cerca de 700g de ração por dia.
Todos os dias, no turno da tarde, os cães participam do patrulhamento tático motorizado, reforçando a presença da polícia nas ruas de Passo Fundo.
Como nasce um cão policial

Tatiana Tramontina / Agencia RBS

Tatiana Tramontina / Agencia RBS
A especialização dos animais começa cedo: os filhotes chegam ao canil com cerca de 45 dias. Nesse período, passam por uma análise de comportamento, o que vai definir se seguirão carreira e, mais tarde, a qual modalidade de atuação serão direcionados.
Nem todos avançam. Alguns demonstram medo de barulhos, insegurança com ambientes novos ou dificuldade de socialização. Quando isso acontece, os cães são doados para famílias da comunidade.
— Vai ter um cão que come mais rápido, outro que briga para comer e come mais. Esses, por exemplo, são cães que já vamos direcionando (para treinamentos), porque são cães mais seguros, com mais personalidade. No caso de adoção dos que não têm aptidão, nós sempre analisamos a família para onde esse animal vai e seguimos acompanhando depois também — afirma o soldado.
A equipe é composta em sua maioria por cães da raça pastor-belga-malinois, conhecidos no meio policial pela resistência, energia elevada, facilidade de aprendizado e determinação de trabalho:
— Essa raça é a 01 de cães de polícia. Eles têm mais aptidão, não têm tanta doença e são mais viris.
Alguns animais se especializam exclusivamente em faro, outros em guarda e proteção, e há ainda os cães de “duplo emprego”, capazes de atuar tanto no policiamento motorizado quanto na busca por armas e drogas, por exemplo.
Entre os nomes que formam a equipe estão Mago, Thanos, Bonnie, Honey, Laika, Apache, Kratos, Hanna, Athena, Sniper, Lord e Venon. Os mais jovens do grupo são Hanna e Sniper, com sete meses de idade.
Cão de faro é um cão viciado?

Os cães são treinados para reconhecer desde drogas sintéticas, como êxtase e cocaína, até substâncias naturais. Segundo Anderson, ao contrário do que muitos imaginam, o cão de faro não é “viciado” na substância que busca, mas sim motivado por brincadeira e recompensa.
O treinamento de faro segue um método simples, mas altamente eficaz. Para treinar os cães, os policiais utilizam uma caixa de madeira com um furo no meio, onde a droga é colocada dentro de um suporte seguro. Antes da busca, o instrutor mostra para o cão a bolinha.
Guiado pelo cheiro, o animal fareja a caixa e, ao localizar o odor da substância, ele se senta imediatamente. O gesto é um aviso para “alvo encontrado”. A resposta correta garante ao animal a bolinha, sua tão esperada recompensa.
— Muito pelo contrário do que as pessoas acham, ele não é um cão viciado. Ele é o cão mais feliz do mundo. Apesar de estar trabalhando, para ele, aquilo é uma brincadeira.




