Jogos/Vida – Resultados esperados? O que eles nos indicam? Presente e futuro certos ou incertos?

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Marco Antônio Moura dos Santos – Coronel Res QOEM

Nada melhor do que avaliarmos a vida, diariamente, buscando entender os cenários, as coisas que geram resultados hoje e que irão impactar o amanhã.  Muita filosofia, necessária, mas as vezes longe de nosso cotidiano.

Mas se pensarmos em algo mais próximo do povo, para fazermos uma analogia, podemos partir do esporte bretão[1], quem sabe!?

Vitória, derrota e empate, são comumente presentes em nossa realidade.  Sabemos que, a partir de uma preparação prévia, podemos até quem sabe “apostar” no resultado que se considera mais “possível” de ser efetivado no dia do jogo.

Mas não há como fugir do imponderável, pois cor de camisa, investimentos em jogadores, campos de treinamentos, arenas esportivas, técnicos ou número de torcedores, nada disso nos leva ao resultado efetivo; podemos até como a cultura popular retratava jocosamente, que a “zebraaaa” não iria passar por perto, mas ela aparece.

Perder, empatar e ganhar é inerente ao próprio jogo, dependerá da competência, das condições estabelecidas, dos critérios utilizados, do fortuito, entre outros fatores que devem ser de conhecimento comum e aceito por todos, mas só deles.

Como visualizar se esse cenário possa ser refletido em nossa vida, como pensar que o ocorrido nos jogos que dia após dia estamos acompanhando, assistindo ou não, torcendo ou não, concordando ou não, entre outras adjetivações que são trazidas a mente, de forma mais ou menos possíveis de serem descritas.

Quando ao final de uma partida, o resultado dela estará ou não vinculado a decisões que foram tomadas por peças da engrenagem-jogo, no caso: jogadores, árbitros, árbitros de vídeo; pelos fatos ocorridos durante o evento: faltas efetivas, possíveis faltas, gols; ou por situações outras intervenientes: impedimentos, pênaltis, simulações e tantas outras.   

De igual forma na vida ficamos ou não realmente suscetíveis ao imponderável, a falta de competências, de critérios de avaliação, de respeito a normas, a existência ou não de normas, a preservação do direitos e garantias, a possibilidade de perdermos a confiança no Estado – que deve propiciar essa proteção, para que não sejamos vítimas de decisões autoritárias, que não estão suportadas por provas, por avaliações técnicas, coerentes, por um devido processo legal.

Quando não temos a proteção da “arbitragem” ou do Estado, a perda do controle social é possível; assim como as dificuldades da ordem ser estabelecida, preservada, mantida; a perspectiva de utilizar-se a força e a violência para procurar fazer valer a “sua vontade” frente a do outro será maior; a barbárie será utilizada para que “meus direitos” prevaleçam sobre os “teus direitos”.  

Assim torna-se clara a imagem do declínio da sociedade, e da desagregação, quanto deixamos de pensar e acreditar que existe um futuro melhor a frente, pois já não temos (ou teremos) um Estado constituído para resolução de conflitos, para implementar e fomentar princípios e valores do grupo que habita um determinado território; que há leis e normas a serem cumpridas, pois elas representam a vontade da população.

Ao contrário ficamos à mercê de emoções particulares e incontroláveis, pois elas mesmo quando controláveis não serão controláveis.

Tudo isso nos gera  extrema preocupação com o futuro, tudo isso nos conduz a refletirmos muito sobre a importância de termos poderes independentes e harmônicos; mas eficientes, confiáveis e sérios, que sigam processos devidos, que tenham imparcialidade, que não estejam sujeitos a outros fatores, presentes (de forma expressa ou não) nas relações entre as partes, para podermos ter uma decisão justa, segura, que surta seus efeitos legais com respeito a justiça, a ética e a moral.

Chega de “zebras” geradas não pelo imponderável do jogo, mas por posturas questionáveis, escusas, indefensáveis e, no mínimo radicais e equivocadas, frente “as provas”, as avaliações e as normas impostas.

Não podemos pensar que os “árbitros” vejam tudo,  acertem tudo, por isso as regras propõem que existam outros árbitros auxiliares para o árbitro principal; por isso está sendo aplicada a tecnologia, com a utilização do VAR[2] possibilitando que a “inteligência artificial” possa trazer ou demonstrar a “verdade” dos fatos.

Assim, não podemos pensar que, com tudo isso: árbitros, auxiliares, VAR, procedimentos investigatórios, processos, tribunais, graus de recurso, não consigamos ter a verdade presente em nossas vidas.

Esses resultados nos trazem muitas dúvidas sobre o porquê e como ocorreram as situações que estão sendo apontadas, debatidas, discutidas e definidas, mas nos deixam muito claro que impactos elas irão produzir, ou melhor, já produzem.  Os mais nefastos para a sociedade e para o estado democrático de direito.

           Os resultados no esporte nos oferecem ótimas lições sobre as dinâmicas da vida. As dúvidas sobre como as situações se desenrolam são inevitáveis, mas também são um convite à reflexão sobre os efeitos dessas experiências na sociedade e na estrutura do Estado. As consequências de nossas escolhas e ações são profundas e, se não cuidadas, podem levar a um futuro incerto, ou melhor certo, mas talvez não o desejado.

A vida é um grande jogo, cheio de desafios e incertezas. Vamos continuar analisando, discutindo e buscando a verdade, sempre com o foco em um mundo mais justo e equilibrado. Afinal, o que importa é que, no final, a justiça, a ética e a moral prevaleçam, e que possamos todos “jogar limpo”, tanto no campo quanto na vida.

Portanto, precisamos nos questionar: como os fatos impactam nossas vidas e a sociedade? Precisamos da verdade em todas as esferas, para que possamos entender as situações que nos afetam e, mais importante, para que possamos mudar o rumo das coisas. O que está em jogo é a nossa confiança no Estado democrático de direito, e é a nossa responsabilidade exigir essa verdade. Vamos juntos construir um futuro em que as “zebras” sejam apenas um elemento a mais na emoção do jogo, e não um reflexo de nossas incertezas sociais.


[1] “Esporte Bretão” é uma expressão em português que se refere ao futebol, em especial no contexto da cultura brasileira.

[2] Video Assistant Referee” ou “Árbitro Assistente de Vídeo” em português. É um sistema que utiliza vídeos para ajudar os árbitros a tomar decisões em jogos de futebol, especialmente em casos de lances duvidosos. 

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