Despadronizadas, algumas estruturas começaram o veraneio ainda em fase de pinturas ou reconstruídas do zero
Felipe Faleiro Correio do Povo
As guaritas são parte importante do imaginário do verão no litoral gaúcho. Nelas, os guarda-vidas executam seu trabalho, mas chama a atenção que, chegado o veraneio, algumas ainda estão em obras, sendo construídas de última hora, ou com pinturas em andamento ou recém terminadas. Apesar de o Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS) manter uma padronização, cada Prefeitura é responsável pela construção e manutenção, mas executa as construções da maneira como é mais adequado às demandas locais. Atualmente, há 198 guaritas no litoral Norte, 27 no litoral Sul e 30 em águas internas no Estado. Em Torres, segundo o secretário municipal de Turismo, Gabriel de Mello, para a atual alta temporada foram adquiridas 20 novas estruturas projetadas em conjunto com o CBMRS. Elas são de cores amarela e vermelha.
No veraneio 2024/2025, elas chegaram apenas em 17 de janeiro, enquanto agora, ainda conforme ele, já estavam instaladas em 27 de novembro. “Foram colocadas janelas laterais no tamanho pedido por eles, e elas foram postas a cada 50 metros de distância, de maneira que possibilite de um tempo de reação de 15 segundos para o guarda-vidas realizar o atendimento”, comentou ele. A ideia é executar um estudo para substituir também estas por casinhas em pultrudado, tipo de fibra de vidro mais leve, resistente, imune à corrosão e que pode durar séculos; por isso, é também utilizado em plataformas petrolíferas. Em outros municípios, a situação é diferente.
Em Imbé, por exemplo, algumas são de alvenaria, diferindo de outras praias. Conforme a Prefeitura, ao menos seis que estavam danificadas foram substituídas antes da chegada do verão. Em Tramandaí e Torres, algumas unidades guaritas possuem guarda-corpos. Já em Capão da Canoa, havia algumas que ainda não haviam sido pintadas, como na praia de Araçá. Em Xangri-Lá, a Prefeitura encerrou nesta semana a manutenção e pintura das casinhas entre Rainha do Mar e Atlântida. O término recente também ocorreu em Osório, Cidreira, Balneário Pinhal e Quintão. Neste último, as guaritas têm cores predominantemente vermelhas e detalhes em amarelo, além de bases com madeiras entrelaçadas.

Guaritas dos salva-vidas na beira da praia no Litoral Norte
Pedro Piegas
Vistoria antes do verão encontrou várias guaritas “extremamente precárias”
Antes do veraneio, a Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs) realizou uma vistoria técnica nas guaritas, chegando aos seguintes números: em Torres, das 19 guaritas ativas, dez não existiam, “exigindo improvisos por parte dos profissionais”. Outras oito estavam em “situação precária” e uma estava, na época, em construção. Em Arroio do Sal, dos 22 pontos identificados, seis não possuíam guarita instalada e 16 as tinham, mas estavam em más condições de uso. Em Imbé, foram 26 identificações, dos quais três sem estrutura de guarita e 23 com necessidade de manutenção estrutural.
Em Tramandaí, foram 29: 13 na área central e 16 em Nova Tramandaí. No primeiro caso, oito estavam em boas condições, quatro em condições “extremamente precárias” e uma inexistente. Em Nova Tramandaí, seis precisavam de manutenção urgente, outras seis estavam “extremamente precárias”, três eram inexistentes e apenas uma estava em boas condições. Em Capão da Canoa, foram identificados 22 pontos de guaritas; 13 na área central e nove nos distritos de Capão Novo, Arroio Teixeira e Curumim. Nas da área central, sete estavam em boas condições, duas inexistentes, duas em destroços e duas “extremamente precárias”. Nos distritos, seis estavam em condições consideradas razoáveis, uma era inexistente e outras duas estavam “extremamente precárias”.

Preparativos para o verão 2025/2026 | Torres | Foto: Camila Cunha
CBMRS: Prefeituras já foram oficiadas para agilizar consertos
O coordenador administrativo da Operação Verão do CBMRS, tenente-coronel Vinícius Lang, disse que, quando há o término de um veraneio, as prefeituras já são oficiadas pela corporação para ajustar suas estruturas, mas nem sempre elas cumprem isto. Em Capão da Canoa, por exemplo, ele citou a falta ou necessidade de reparos ainda em quatro guaritas. Já Torres corrigiu seus problemas, já que, no verão passado, os guarda-vidas chegaram a trabalhar em gazebos na areia, em alguns pontos.
O recente ciclone extratropical que atingiu violentamente a região litorânea há cerca de duas semanas, destruiu ou arrancou seis delas em todo o litoral Norte, ainda conforme Lang. “Não podemos admitir que se chegue nesta época do ano e prefeituras nem sequer licitaram empresas para fazer reparos. É inadmissível. Considerando que o turismo é o carro-chefe do litoral, o cuidado com o banhista é prioridade, então, se ele não ver uma guarita ali, não vai permanecer. Caso elas não estejam prontas, o efetivo que estaria nesta guarita vai ser remanejado para postos laterais, e aí o patrulhamento que haveria ali ocorre com quadriciclos ou com outros meios”, comentou o coordenador.




