Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, urgências e emergências não são afetadas
GZH
A paralisação parcial dos médicos do IPE Saúde, iniciada nesta segunda-feira (10), afeta usuários do plano que acolhe servidores gaúchos e seus dependentes. A mobilização deve ocorrer até a próxima quarta-feira (12). Estão restritas consultas com especialistas: de acordo com o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski, a marcação será reagendada no “que for possível”.
— A grande maioria dos médicos, que eu saiba, estão restringindo, e já avisaram seus pacientes agendados de que haveria essa parada de atendimento. O que for possível de ser reagendado, está sendo reagendado – afirmou o diretor da entidade, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
O Simers garante que urgências e emergências não são afetadas nesta paralisação, e não há um balanço de pacientes atingidos e profissionais que aderiram ao movimento. Ao parar por três dias, a categoria alega uma defasagem de repasses e pede a paridade nos pagamentos a partir da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) vigente no último ano.
A diferença nos ganhos é reconhecida pelo Governo do Estado. No entanto, o presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene, afirma que o Piratini não deve concordar com o sindicato neste ponto.
— O pleito que é colocado hoje na mesa faz parte da negociação, mas muito provavelmente não adotaremos essa CBHPM de 2022. Estamos trabalhando em algo que seja mais equilibrado. Melhorar os honorários dentro do limite orçamentário que existe no IPE Saúde — comparou Jatene também em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Como exemplo da possibilidade de ganhos dos médicos, o diretor do plano de saúde suplementar citou o modelo de atendimento ambulatorial – outra reclamação do sindicato é que o valor de R$ 25 por paciente seria muito baixo, se levado em conta a especialização constante dos profissionais além do já despendido na graduação.
— O IPE paga R$ 25 por paciente visitado em hospital. Não é incomum um médico visitar 10, 15 a 20 pacientes naquele período em que ele está no hospital. E isso se multiplica pelo valor bruto que é pago por cada uma dessas visitas — contrapõe o presidente do IPE Saúde.
Atualmente, em torno de sete mil médicos atendem pelo sistema. Contudo, segundo o sindicato, há relatos de descredenciamento por parte dos insatisfeitos com os pagamentos, o que amplia a dificuldade em encontrar um especialista na área em que o paciente precisa.
— É uma decisão individual dos médicos (o descredenciamento do plano). Temos uma notícia de pelo menos 110 médicos descredenciados na semana retrasada. Não temos um número exato, mas existe sim um movimento de descredenciamento — revela Marcos Rovinski, do Simers.
Opcional, o plano é utilizado por cerca de 1 milhão de pessoas. É financiado pelo recolhimento de 3,1% do salário do trabalhador mais um complemento do mesmo percentual pago pelo governo do Estado. Anualmente, segundo o presidente do IPE Saúde, são recolhidos R$ 3,2 bilhões, porém há um déficit mensal de cerca de R$ 35 milhões. Uma mudança nas alíquotas não é descartada, em alternativas futuras debatidas:
— A alternativa que está sendo pensada também deve contemplar a possibilidade de permanência de pessoas com altos salários, reforçando um pouco mais a solidariedade que deve existir dentro do plano. É uma discussão que exige reflexão muito forte de todas as entidades.
Uma reunião com o Simers, o IPE Saúde e representantes do Governo do Estado está marcada para a próxima quarta-feira, último dia de restrição nos atendimentos.