Sindicato Médico do Rio Grande do Sul acredita que o dado pode estar subestimado
GUILHERME MILMAN GZH
Em meio a discussão sobre a reestruturação do IPE Saúde, cada vez mais médicos estão deixando de atender pelo convênio. Segundo dados fornecidos pela instituição a pedido de GZH, o número de profissionais descredenciados nos primeiros cinco meses deste ano já é quase três maior do que o somatório de 2022. Foram 201 descredenciamentos entre janeiro e maio, enquanto nos doze meses do ano passado a soma foi de 75, uma diferença de 168%.
Se comparado apenas o período entre janeiro e maio de 2022, o número chega a ser quase sete vezes maior. No acumulado dos cinco meses, apenas 29 haviam saído do convênio. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) acredita que os dados oficiais estejam subvalorizados, e que a quantidade de profissionais que não operam mais pelo IPE Saúde seja ainda maior. Há uma estimativa da entidade que, apenas na Região Metropolitana, cerca de 300 pessoas tomaram essa decisão.
— Estamos acionando a área técnica para obter esse levantamento. Por enquanto, temos consolidado apenas os números da Fronteira Oeste, onde 115 profissionais se descredenciaram. Por isso a quantidade é muito superior à repassada pelo IPE Saúde — afirma o presidente do Simers, Marcos Rovinski.
Na avaliação de Rovinski, o principal motivo que explica esse movimento é a falta de reajuste dos honorários médicos. Segundo a entidade, isso não ocorre há 12 anos. Por esse mesmo motivo, a categoria tem paralisado os atendimentos aos segurados desde abril. Há duas semanas, a categoria decidiu manter a mobilização por tempo indeterminado.
A categoria alega que não há nenhuma referência à medida no projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa. O sindicato está em tratativas com os deputados para incluir as reivindicações no texto através de emendas parlamentares. Além do aumento dos honorários, a categoria pretende incluir outras mudanças no texto como a participação dos médicos no conselho de administração do IPE Saúde, a criação de câmaras técnicas para auxiliar no controle de gastos da instituição e a coparticipação por consultas.
Durante tratativas entre o governo do Estado e o sindicato, o Piratini chegou a garantir aos médicos um valor de R$ 140 milhões de reais com o novo projeto, proveniente de uma arrecadação estimada em R$ 750 milhões. Após a apresentação do projeto definitivo, no dia 16, o governador Eduardo Leite afirmou ser necessário discutir a arrecadação antes de determinar os repasses.