Era para ser uma ocorrência de rotina no dia 12 de março de 2017, quando a guarnição composta pelo soldado Timóteo Jeremias Cappa Bravo e pelo soldado Eduardo Garcia da Silva foi despachada pela Sala de Operações da Brigada Militar de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, para intervir realizando patrulhamento no bairro Vila da Paz, onde havia denúncias de toque de recolher imposto por criminosos ligados a uma facção criminosa.
Tratava-se de ordens da facção “Os Bala na Cara”, que, entre suas determinações, proibia a entrada da polícia na localidade.
Durante o patrulhamento, a guarnição dos soldados Bravo e Eduardo, do 26º BPM, foi recebida a tiros por integrantes da facção, sendo obrigada a revidar. Na troca de tiros, um dos indivíduos foi morto e outro ficou ferido — este último já possuía condenações por tráfico e roubo, totalizando mais de 38 anos de pena.
A partir da ocorrência, os dois militares passaram a ser indiciados e a responder a ação penal, sendo um acusado de homicídio qualificado e o outro de homicídio simples.
O período entre a ocorrência e o julgamento ultrapassou nove anos. Segundo os militares, foi um tempo de muitas incertezas, inseguranças e perdas. Ambos constituíram advogados na tentativa de comprovar o exercício regular das funções e reverter a grave acusação que recaía sobre os agentes de segurança.
Absolvição pelo Tribunal do Júri
No dia 16 de julho de 2025, sob a presidência do juiz de Direito Dr. Marco Luciano Wachter, tendo como promotor o Dr. Caio Isola Aro e atuando nas defesas os advogados Dr. Márcio de Matos Barcelos, Dr. Nei Juarez Afonso Colombo, Dr. Giliar Hermann Pires e Dra. Ana Carolina Filippon Stein, ocorreu a sessão do Tribunal do Júri da Comarca de Cachoeirinha, sendo proclamada a absolvição dos soldados Timóteo Cappa Bravo e Eduardo Garcia da Silva, com o reconhecimento da legítima defesa — pedido também feito pelo Ministério Público.
Atualmente residindo em Alegrete, pai de dois filhos e atuando na 3ª Cia do 1º Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira (1º BPAF), o soldado Cappa Bravo relatou os momentos difíceis vividos até a absolvição, mesmo tendo a certeza de que agiram em defesa da sociedade:
— A todo instante presenciamos ocorrências semelhantes a essa, em que muitos colegas são condenados, perdem a função pública e, mesmo sem antecedentes, acabam presos, deixando esposa e filhos desamparados. — Na época, fomos “massacrados” pela opinião pública, com muitas publicações que não refletiam a verdade. É muito complicada nossa função — relatou Bravo. — Felizmente, no nosso caso, a justiça foi feita.
O soldado Cappa Bravo concluiu o Curso Técnico em Segurança Pública (CTSP) entre 16/12/2024 e 04/07/2025, e aguarda os atos de promoção para iniciar uma nova fase em sua carreira na Brigada Militar.
O soldado Eduardo, pai de um filho, reside em Cachoeirinha e conta com 20 anos de serviço prestado à Brigada Militar.
Ambos passaram metade da carreira aguardando o julgamento de um crime que se comprovou não terem cometido.
A incerteza quanto ao desfecho de uma ocorrência traz enorme tensão aos agentes da segurança pública, pois, além das decisões que precisam ser tomadas em frações de segundo, muitas vezes enfrentam o sensacionalismo de setores da imprensa, da classe política e da própria opinião pública.
Mesmo com a absolvição, em muitos casos as perdas são irreparáveis — e se estendem para além da vida do policial, atingindo diretamente suas famílias. Em alguns processos, os policiais ficam impedidos de progredir na carreira durante o período, sendo vetados em seleções internas ou concursos.
Levantamento foi realizado pelo comando da instituição, ouviu mais de 18 mil brigadianos e teve os resultados divulgados recentemente. Contingente está mais jovem e escolarizado
Carlos Rollsing GZH
O 2º Censo da Brigada Militar (BM), realizado pelo comando da instituição para ampliar o conhecimento sobre a tropa, revelou dois eixos de sensação dos policiais gaúchos, um de insatisfação e outro de satisfação. As entrevistas foram feitas em outubro de 2023 com 18,2 mil integrantes da corporação, mas os resultados foram divulgados recentemente pelo comando.
Os brigadianos estão, em maioria, descontentes com o salário: essa foi a posição de 73,35%. Já o descrédito quanto ao plano de carreira alcançou 85,23%. No mesmo flanco, 61,82% afirmaram não se sentirem valorizados na BM e 38,2% manifestaram pretensão de deixar a corporação para empreender ou buscar outro concurso público.
O lado da satisfação é dominado pela percepção quanto aos instrumentos de trabalho e carga horária. A maioria se declarou contente com o fardamento (67,37%), colete à prova de balas (80,2%), outros equipamentos de proteção individual (67,16%), armamento (87,27%), viaturas (63,4%) e jornada de trabalho (60,07%).
O 2º Censo ainda revelou que a tropa é jovem. Quase metade do efetivo tem entre 28 e 37 anos. Ao mesmo tempo, melhorou a escolaridade, com 46,94% dos membros da BM tendo Ensino Superior completo. A juventude e o melhor nível educacional são apontados como qualificadoras da prestação de serviço.
Outra descoberta foi que 59,94% dos brigadianos fizeram ou fazem tratamento psiquiátrico e psicológico. Entre os 24,88% que afirmaram tomar remédio diariamente, a maior parte disse que é medicação contínua para fins psicológicos e psiquiátricos. Essa detecção do Censo divide opiniões entre membros da corporação ouvidos pela reportagem: parte entende que é sinal positivo porque o policial está cuidando mais da saúde mental, enquanto outra parcela avalia que é reflexo da insatisfação e do estresse do brigadiano de baixa patente, endividado e instado a lidar com o risco à vida.
O 2º Censo foi realizado pelo Departamento Administrativo da BM. A primeira edição teve coleta de dados entre setembro e outubro de 2020.
Questão salarial e promoções são dominantes para carreiras de nível médio
O levantamento revelou que, em outubro de 2023, 41,42% dos servidores da BM tinham remuneração entre R$ 4,9 mil e R$ 7,1 mil. Isso corresponde aos soldados, que, junto com duas classes de sargentos e 1º tenente, formam o quadro de nível médio. Eles também são conhecidos como praças. As reclamações são relacionadas à distância ante os oficiais, cujo primeiro posto, o de capitão, tem atualmente subsídio de R$ 21,5 mil.
— De 2019 para cá, os brigadianos tiveram mais de 60% de perdas inflacionárias. E temos um sistema que propicia morosidade na promoção dos praças. Há casos de pessoas que entram na BM como soldados e vão à reserva (aposentadoria) como soldados — diz Maico Volz, presidente da Abamf, entidade que agrega agentes de nível médio.
Um dado do Censo reforça o problema financeiro dos brigadianos: 77,94% declararam ter empréstimo consignado. Volz afirma que a maioria dos que buscam auxílio jurídico da Abamf está superendividada e deseja mediação judicial com os credores.
— A remuneração é baixa entre servidores de nível médio. Eles ainda se obrigam a ir para o bico. Estamos com elevado índice de pessoal em tratamento psicológico. O policial estressado está sujeito a cometer falhas — afirma Ricardo Agra, diretor de relações institucionais da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da BM (Asstbm).
Para Volz, os níveis de insatisfação com o salário e a carreira foram determinantes para mais de 6,6 mil policiais terem manifestado a pretensão de deixar a BM.
— O curso para a formação de um soldado dura, em média, 11 meses. É caro para a sociedade fazer o investimento e ele permanecer por pouco tempo. Precisamos de valorização — avalia Volz.
Quase metade dos servidores tem Ensino Superior completo.André Ávila / Agencia RBS
Para a Brigada, melhorias recentes devem reduzir insatisfação
O coronel Cléber Rodrigues dos Santos, diretor do Departamento Administrativo da BM, pondera que o resultado do 2º Censo mostra uma radiografia de outubro de 2023, quando a pesquisa foi realizada. Desde 2019 até a aplicação do questionário, os brigadianos haviam recebido apenas uma reposição inflacionária de 6% em 2022, estendida a todo o funcionalismo.
Ele destaca o cenário da época, quando algumas reformas retiraram benefícios. O coronel opina que o período de austeridade permitiu melhorias recentes. Santos cita o aumento do vale-refeição e o reajuste salarial de 12,49% para a segurança pública, com três parcelas incorporadas ao contracheque em janeiro e outubro de 2025 e outubro de 2026. A mesma legislação reduziu as classes de soldados de três para duas, o que garante valorização no piso.
— O salário inicial do soldado vai passar de R$ 4.970 (valor de dezembro de 2024) para R$ 6.429, em outubro de 2026. Um aumento de quase 30%. Acreditamos que, para o próximo Censo, vamos diminuir a insatisfação — diz Santos.
O diretor do Departamento Administrativo da BM também destaca a decisão da polícia de converter 5,2 mil cargos de 3º sargento, em extinção e que estavam vagos, em postos de 2º sargento, 1º sargento e 1º tenente. São funções para as quais os soldados podem ascender, em uma tentativa de atender os anseios por progressão na carreira entre as mais baixas patentes.
O coronel refuta a hipótese de que a elevada insatisfação prejudique a prestação do serviço à comunidade. Para demonstrar isso, menciona que os índices de criminalidade foram reduzidos ao menor patamar da série histórica em 2024. Santos também rebate a crítica de que o cenário revelado possa impulsionar erros ou excesso de força policial.
— Insatisfações e busca por melhor remuneração são naturais do ser humano. A BM atende milhares de ocorrências diariamente. Algum erro que eventualmente ocorra é exceção. A Corregedoria é firme para apurar a verdade e responsabilizar o policial que pode ter atuado equivocadamente — afirma.
Satisfação com equipamentos
Os contentamentos dos brigadianos apurados pelo Censo se referem à jornada de trabalho e aos itens para a atuação cotidiana de segurança pública. Os principais destaques são para o armamento e o colete, ambos com mais de 80% de satisfação.
— Quanto a isso, não há o que reclamar. Sinto melhora depois da aprovação do Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública (Piseg ) — diz Agra, da Asstbm.
A política citada permite que empresas destinem uma parcela de até 5% do ICMS devido para o investimento em segurança pública.
— A satisfação é reflexo do suporte que o comando tem dado para a melhoria das condições de trabalho. Hoje, toda a viatura adquirida para a atividade operacional possui a semiblindagem. O objetivo é proteger quem protege a sociedade — diz o coronel Santos.
O diretor do Departamento Administrativo da BM afirma desconhecer a realização de um Censo por outras polícias militares do Brasil. O oficial definiu o levantamento como “imprescindível para as políticas de recursos humanos”.
O 2º censo da BM entrevistou 18.226 membros da corporação em outubro de 2023. Confira alguns dados:
Gênero
81,69% dos servidores são homens
18,31% são mulheres (aumento de 2,3 pontos em relação ao Censo 2020)
Faixa etária
24,65% têm entre 28 anos e 32 anos
21,31% dos integrantes têm entre 33 anos e 37 anos
21,23% dos membros têm entre 38 anos e 42 anos
24,43% têm mais de 43 anos
8,36% dos servidores têm até 27 anos
Renda bruta mensal
41,42% dos servidores têm renda entre R$ 4.970,61 e R$ 7.102,66
21,03% têm renda entre R$ 7.102,66 e R$ 9.766,16
15,28% têm renda entre R$ 9.766,16 e R$ 13.317,51
11,69% têm renda inferior a R$ 4.970,61
6,43% têm renda entre R$ 13.317,51 e R$ 20.686,00
4,15% têm renda superior a R$ 20.686,00
Escolaridade
46,94% dos servidores têm ensino superior completo (índice era de 25,33% no Censo 2020)
30,50% têm ensino médio completo
19,67% têm ensino superior incompleto
1,82% têm nível técnico
1,08% outros
Usa medicamento diariamente
24,88% sim
75,12% não
O maior contingente, de 1.631 entrevistados, afirmou usar medicação contínua para tratamento psiquiátrico e psicológico. Depois, 1.276 informaram tomar remédio para pressão alta.
Fez ou faz tratamento psiquiátrico e psicológico?
40,06% não
26,71% sim, particular
24,95% sim, na BM
8,28% sim, particular e BM
No total, 59,94% dos integrantes da corporação já fizeram ou fazem tratamento psiquiátrico ou psicológico.
Já se envolveram em conflito armado?
50,89% sim
49,11% não
Já sofreram algum ferimento no atendimento de ocorrência?
57,64% não
42,36% sim
Você se sente valorizado na Brigada Militar?
61,82% não. Essa foi a resposta de 10.687 entrevistados
38,18% sim
Pretende deixar a BM para empreender negócio próprio ou outro concurso público?
38,2% sim. Essa foi a resposta de 6.604 entrevistados
61,8% não
Em relação ao plano de carreira
46,69% muito insatisfeito
38,54% insatisfeito
9,55% satisfeito
3,79% indiferente
1,43% muito satisfeito
Os indicadores de insatisfação com o plano de carreira, somados, alcançam 85,23%.
Em relação ao salário
52,01% insatisfeito
21,34% muito insatisfeito
19,83% satisfeito (no Censo 2020, a satisfação tinha sido de 54,20%)
5,56% indiferente
1,23% muito satisfeito
0,02% não respondeu
Os indicadores de insatisfação, somados, alcançam 73,35% com a remuneração.
A Rede ABC da Segurança, com sua equipe da Rádio Studio 190, está realizando uma série de reportagens para mostrar iniciativas locais que vêm apresentando resultados positivos na área da segurança pública. O primeiro município visitado foi Passo Fundo, que tem se destacado como exemplo de integração, investimento e uso de tecnologias no combate à criminalidade, obtendo excelentes resultados.
CONFIRA A REPORTAGEM EM VÍDEO NO FINAL DA MATÉRIA
Localizada na região norte do Estado, Passo Fundo sempre foi conhecida como uma área sensível à atuação da criminalidade, especialmente por ser uma rota de fuga acessível para várias regiões do Estado e para Santa Catarina.
Nos últimos anos, a cidade — com mais de 215 mil habitantes — tem intensificado as ações de combate ao crime graças à gestão integrada da Prefeitura Municipal com as forças de segurança, como a Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Penal, entre outros órgãos. As ações ocorrem em diversos espaços públicos.
Além das abordagens e fiscalizações, a Prefeitura realizou investimentos significativos em tecnologia, com destaque para o videomonitoramento e o cercamento eletrônico.
São mais de 1.300 equipamentos em operação, somando os utilizados pela Prefeitura Municipal e pela Brigada Militar.
O vice-prefeito da cidade, Coronel Volnei Ceolim — que atuou por mais de 30 anos na Brigada Militar — afirmou em entrevista à Rede ABC da Segurança Pública – Correio Brigadiano que diversas ações de gestões anteriores possibilitaram à administração do Prefeito Pedro Almeida intensificar ainda mais o combate à criminalidade.
— Todos sabemos que uma das piores situações para o criminoso é a sua identificação. Na medida em que ele corre risco de ser identificado e, consequentemente, preso, passa a atuar em outro local.
— Passo Fundo hoje apresenta um ambiente de difícil atuação criminosa, pois são mais de mil câmeras instaladas. Isso se deve ao fato de que a atual administração elegeu a segurança pública como uma de suas principais prioridades — afirmou o vice-prefeito.
Somente no Parque Linear da Avenida Brasil foram instaladas 38 câmeras, cujas imagens são transmitidas simultaneamente ao Centro de Operações do Município.
O Secretário de Segurança Pública, Tadeu Trindade — que também atuou por mais de 30 anos como sargento da Brigada Militar — acrescentou que a administração municipal entende a segurança como resultado de diversos fatores: presença física do agente, operações contínuas, educação, repressão, e, sobretudo, uso de tecnologias.
— Passo Fundo, há alguns anos, vem tratando a segurança pública de forma muito particular, e os resultados positivos estão se confirmando. Dificilmente crimes e ilicitudes são cometidos sem que os autores sejam identificados.
— Nas escolas municipais, por exemplo, temos no mínimo duas câmeras de monitoramento da DGT-Tecnologia, conectadas à nossa central de operações, todas com botão de pânico para pronto atendimento quando acionado por alguém em risco — sejam alunos, professores ou outros membros da comunidade escolar — acrescentou Trindade.
— Nos acessos à zona rural, no interior do município, as câmeras reforçam o cerco juntamente com as entradas principais, dificultando a fuga de criminosos. Parte dessas câmeras conta com sistema OCR, que permite a identificação de veículos envolvidos em ocorrências ou que circulam de forma irregular — explicou.
Além dos investimentos do município, a Brigada Militar, por meio do 3º RPMon, conta com uma central de monitoramento própria, que gerencia suas câmeras e recebe o espelhamento das demais imagens do município, promovendo total integração no compartilhamento de imagens e informações entre os agentes.
O Comandante do 3º RPMon, Tenente-Coronel Marcelo Scapin Rovani, relembra que as primeiras câmeras de monitoramento foram instaladas em 2004.
Segundo ele, a tecnologia tem sido uma grande aliada da segurança pública, facilitando especialmente o trabalho da inteligência policial. O reconhecimento facial, a identificação veicular e outros recursos não só contribuem para a prisão dos criminosos, como também servem como prova em processos judiciais.
Em uma conversa recente, minha esposa e um dos meus filhos sugeriram que eu poderia tentar ser mais direto em algumas análises, especialmente em um momento de incerteza e complexidade generalizadas. Mas como resumir uma situação tão etérea em poucas palavras?
Estamos vivenciando e inseridos em uma crise que muitos preferem ignorar, outros tentam encobrir, e muitos ainda buscam distorcer, minimizando sua gravidade e transformando-a em mera plataforma política; mas cujos sintomas desenfreados não podem mais ser ignorados.
O oceano está agitado, com ondas gigantes, do tipo que você só vê na Praia do Norte em Nazaré, Portugal; o barco está à deriva? Seguro? A tripulação pronta e os ocupantes preservados? O comandante tomando decisões? Decisões acertadas?
Para muitos, as respostas seriam: estamos à deriva, inseguros, tripulação sem rumo e tripulantes em risco grave. Sem decisões ou elas são equivocadas e ineficientes. As decisões que tomadas parecem imprudentes e inadequadas, incapazes de guiar o navio até um porto seguro ou para águas mais tranquilas. Para outros, não há líder, quem está no timão não possui todas as informações e não demonstra ser capaz de resolver a situação. Colocar confiança na tripulação é bastante tênue à luz do cenário atual.
A tripulação está confusa, perplexa, demonstrando não saber o que deveriam fazer, o que deveria ter sido pensado, estudado, mesmo antes de zarpar. Eles deveriam ter avaliado as condições que enfrentariam, as possíveis soluções e seus próprios limites, e, com certeza, que o caminho era perigoso e ameaçador.
A estrutura do navio, embora considerada robusta, apresenta falhas. Problemas antigos, com reparos inadequados, começam a se manifestar como fragilidades, agravando as vulnerabilidades que todos enfrentam e colocando-os em mais risco,. tornando-os mais sensíveis e ampliando a insegurança dos ocupantes até chegarem a um ponto mais seguro, se for possível nas condições atuais.
Em tempos de apreensão, buscamos equipamentos e dispositivos de proteção, mas a realidade é que esses itens são escassos, danificados e mal operados pela tripulação e pelos ocupantes. Não houve planejamento adequado para trazer a bordo os recursos necessários, nem a devida capacitação e treinamento para o enfrentamento da crise.
E, nesse caso, quando nada está de acordo, o comandante “culpa a todos” ou a “alguém em especial”, procurando retirar a sua responsabilidade por toda a navegação, pelos erros, pelos problemas e situações não avaliadas, pela tripulação nem sempre a mais preparada para enfrentar chuvas e trovoadas; que não revisou, e ou fez, a devida manutenção do navio; nos restando um quadro em que pessoas foram colocadas em perigo sem as proteções adequadas em tempo de alta instabilidade.
Portanto o que podemos ainda encontrar de positivo em situações tão adversas? É importante manter a fé de que posteriormente a “tempestade sempre virá a bonança”, assim como sabemos que há pessoas preocupadas em nos ajudar a sair dessa crise, que estão procurando formas de apoiarmos com outros barcos, mais fortes, com tripulação e comando adequado, que tenham melhores condições de efetuarem o devido resgate e trazerem com mais segurança todos até o porto seguro.
Enfim, como ser conciso nesse mar tão revolto!
[1] CORONEL QOEM Res Brigada Militar/RS e Especialista INTEGRAÇÃO E MERCOSUL/UFRGS
Estado tem menor taxa de roubo de celulares do Brasil
Correio do Povo
Ações da Brigada Militar atacam o crime desde a prevenção até o receptador. Como consequência, o Rio Grande do Sul tem a menor taxa de roubo de celulares do Brasil e a segunda menor de furto. Esses dados refletem os investimentos e o planejamento da segurança pública. Para o Comandante-Geral da Brigada Militar, coronel PM Cláudio dos Santos Feoli, os resultados são fruto de uma atuação que vai além da presença ostensiva nas ruas. “Atacamos receptadores e os locais de revenda. Essa é uma das principais estratégias: sufocar o destino desses aparelhos roubados ou furtados. E a tecnologia é um dos pilares da atuação da Brigada”, explica.
Os dados sobre furtos e roubos de celulares são de 2024 e estão no Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2025. O Estado alcançou o índice de 27,9 casos por 100 mil habitantes – uma queda de 11,5% em relação a 2023. No combate ao furto de celulares, o RS aparece como o segundo Estado com menor taxa, atrás apenas da Paraíba.
“Quanto mais tecnologia a gente agrega, mais eficiente fica o combate. Em Porto Alegre, por exemplo, temos analíticos de inteligência artificial que auxiliam diretamente a atuação do policial militar. Esses dados ajudam a identificar locais e horários com maior incidência, o que orienta o planejamento e a distribuição do efetivo”, ressalta.
A integração com os municípios também é essencial. Ferramentas como o cercamento eletrônico e a troca de informações com os centros de comando municipais e regionais ampliam a capacidade de resposta da Corporação. Além disso, o uso de drones, sistemas de análise criminal e operações específicas – como fiscalizações em pontos de revenda – resultam em flagrantes e prisões de criminosos.
Outro fator importante é a recomposição gradual do efetivo, que aumenta a presença da Brigada nas áreas mais críticas. “Temos operações móveis frequentes, integradas com outras forças de segurança. Quando a ação ostensiva não consegue prevenir, conseguimos prender logo após o crime, com flagrantes que resultam na manutenção do criminoso preso”, afirma o comandante-geral.
O Coronel PM Feoli também alerta sobre a responsabilidade da população na compra de celulares. “Ao adquirir um aparelho por um preço muito baixo, sem origem comprovada, a pessoa acaba alimentando esse ciclo criminoso. É fundamental comprar de empresas e revendas confiáveis.”
Foco e monitoramento
Em relação ao furto de celulares, a queda foi de 14,2% em comparação a 2023. Com 106,2 casos por 100 mil habitantes, o RS ficou atrás apenas da Paraíba (76,6). Já no índice combinado de roubos e furtos, o Estado ocupa a vice-liderança nacional, com taxa de 134,1 – redução de 13,7% em relação ao ano anterior.
A Brigada Militar segue monitorando todo o Estado, com foco nas regiões de maior concentração urbana. “A Região Metropolitana, especialmente cidades como Porto Alegre, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas, entre outras, ainda exigem atenção constante. Gravataí, por exemplo, teve uma redução proporcional de 50% nas ocorrências neste ano”, destaca Feoli.
As dez cidades com maior redução nos roubos e furtos de celulares em 2024:
• Porto Alegre • Caxias do Sul • Gravataí • Novo Hamburgo • Canoas • Pelotas • São Leopoldo • Alvorada • Santa Maria • Cachoeirinha
Ainda este ano, Brigada Militar recebe um Esquilo e um Bell 429. Em 2027, duas aeronaves maiores, modelo AW169, serão recebidas pela força policial
Gabriel Jacobsen GZH
O governo do Estado adquiriu mais quatro helicópteros para a Brigada Militar (BM), dois dos quais recebidos e em operação ainda este ano. As aeronaves se somarão a uma frota de outros 12 helicópteros e aviões que estão à disposição da BM, Polícia Civil e Bombeiros.
As novas aquisições para a Brigada — dois helicópteros novos e outros dois semi-novos — custaram R$ 260 milhões. De acordo com a BM, a ideia é ampliar a capacidade da corporação em operações policiais e resgates.
O comandante-geral da BM, coronel Cláudio dos Santos Feoli, confirmou que a primeira das quatro aeronaves já está, na França, em processo de entrega técnica, momento no qual uma equipe da polícia checa o equipamento que foi adquirido. Trata-se de um helicóptero seminovo modelo H125, conhecido como Esquilo — único dos quatro adquirido com recursos do Fundo de Recuperação de Bens Lesados, gerido pelo Ministério Público.
O custo da aeronave, que chegará ao Rio Grande do Sul até o fim do ano, é de R$ 25,9 milhões. O helicóptero será trazido ao Brasil de navio e, antes de ser incorporado à frota, receberá pintura e equipamentos operacionais.
Além dele, a BM aguarda a chegada de um Bell 429, helicóptero biturbina com capacidade para voar à noite, recurso ausente nas aeronaves atuais. Segundo o comandante da BM, a aeronave foi adquirida com recursos do Estado, ao custo de R$ 58 milhões, e também será entregue em 2025.
Entregas em 2027
Outras duas aeronaves modelo AW169, da fabricante Leonardo, devem ser entregues em 2027. São dois helicópteros novos e mais robustos que os demais, com capacidade para transportar até 10 passageiros, além de piloto e copiloto.
De acordo com o coronel Feoli, cada um deles custará ao Estado cerca de R$ 90 milhões. Essas duas aeronaves também são biturbina e preparadas para voos noturnos.
— Esses helicópteros têm pouca limitação de voo, principalmente para resgates, se eventualmente nós tivermos situações extremas como as que nós tivemos nos últimos dois anos — disse Feoli.
Atualmente, a frota da BM conta com três helicópteros Esquilo, dois helicópteros Koala e duas aeronaves de asa fixa: um Grand Caravan e um King Air.
Com a ampliação da frota, a BM projeta a abertura de uma nova base aeropolicial em Santa Maria, somando-se às já existentes em Porto Alegre, Caxias do Sul e Capão da Canoa.
Leite anunciou compra de avião a jato, mas voltou atrás
A compra de um avião a jato também estava nos planosdo governo, com uso de recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), previsto para a reconstrução do Estado após a enchente. A aeronave a jato custaria ao Estado cerca de R$ 95 milhões, conforme antecipado por Zero Hora, em 26 de março.
O plano gerou repercussão negativa para o governador Eduardo Leite. Adversários políticos alegaram que o governador estava tentando comprar o avião a jato para ser utilizado para atividades políticas.
Leite frequentemente se desloca para agendas no Interior com uso de aeronaves do governo do Estado. Em resposta à reportagem de Zero Hora, o governador afirmou que, do total de horas de uso das duas aeronaves atuais, menos de um quinto é destinado a deslocamentos do próprio chefe do Executivo.
Em 2 de abril, Leite anunciou que estava desistindo da compra do avião, uma vez que o debate, segundo o governador, estava ocorrendo a partir de “argumentos viciados e equivocados que foram trazidos na política e na imprensa”.
Lista de aeronaves do governo do Estado:
Aeronaves atuais da BM
3 helicópteros Esquilo
2 helicópteros Koala
1 avião Grand Caravan
1 avião King Air
Aeronaves atuais da Polícia Civil
2 helicópteros Esquilo B3
2 aviões bimotores Baron 58
Aeronave atual dos Bombeiros
1 helicópteros Koala
Aeronaves compradas para a BM
1 helicóptero Esquilo
1 helicóptero Bell 429
2 helicópteros AW169
* Informações da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP).
Aquisições incluem dois helicópteros novos e outros dois semi-novos. Sd Morsch / Divulgação 3 / 3 As novas aquisições para a Brigada incluem dois helicópteros novos e outros dois semi-novos. Sd Morsch / DivulgaçãoAeronaves somarão frota de outros 12 helicópteros e aviões que estão à disposição da BM, Polícia Civil e Bombeiros. Sd Morsch / Divulgação
Loja Rosa Lilás será inaugurada em 1º de agosto, às 17h, no Praça Rio Grande Shopping
Marcel Horowitz Correio do Povo
O combate à violência doméstica avança no Sul gaúcho. Isso porque, nesta sexta-feira, 1º de agosto, um projeto com foco na autoestima das vítimas será inaugurado em Rio Grande. Nenhum outro município tem iniciativa semelhante no Estado.
Sob o título Loja Rosa Lilás, a proposta consiste em um espaço com oferta gratuita de roupas, cosméticos e produtos de higiene ao público feminino, sendo todos os materiais fruto de doações. A inauguração do local acontecerá às 17h, no Praça Rio Grande Shopping.
O pioneirismo é do 6º BPM, com apoio de empreendedores e outras instituições. A loja seguirá aberta ao longo do próximo mês, o chamado Agosto Lilás, em alusão ao combate da violência contra mulheres.
“A Patrulha Maria da Penha da Brigada Militar tem se consolidado como uma das mais importantes ferramentas de proteção e garantia de direitos das mulheres vítimas de violência doméstica no Estado. Em Rio Grande, esse projeto ganha um novo e promissor capítulo com a inauguração da Loja Rosa Lilás, prevista para agosto, mês símbolo do enfrentamento à violência contra a mulher”, afirmou o comandante do 6º BPM, major Augusto Ferreira Porto.
De acordo com o oficial, a iniciativa, além de apoio material, também representa acolhimento das vítimas. “A Loja Rosa Lilás reforça o compromisso do Estado com políticas públicas humanizadas e integradas, que não se limitam à repressão do agressor, mas buscam a verdadeira reintegração da mulher à sua autonomia e dignidade”, enfatizou o major Augusto Ferreira Porto.
Se o cenário não mudar, a população de Flores da Cunha enfrentará riscos maiores em incêndios, acidentes de trânsito e outras ocorrências que exigem resposta rápida.
Flores da Cunha – A partir de agosto, o quartel do Corpo de Bombeiros de Flores da Cunha pode fechar durante a noite. Das 20h às 8h, a cidade e toda a região ficariam sem atendimento local e passariam a depender exclusivamente da base de Caxias do Sul. O deslocamento mais longo comprometeria o tempo de resposta em emergências.
A medida extrema surgiu por falta de efetivo. O Governo do Estado ainda não enviou reforços para garantir a cobertura em regime integral. Sem os novos bombeiros, o comando local afirma não ter como manter a escala noturna.
Na manhã desta terça-feira (29) o prefeito César Ulian se reuniu com o vice-prefeito Marcio Rech, o secretário de Segurança Pública, Itamar Brusamarello, e o sargento Luis Henrique Silveira da Silva, responsável pelo 3º Pelotão em Flores da Cunha. O encontro discutiu alternativas para evitar o fechamento noturno do quartel.
“Estamos preocupados com o impacto que essa medida pode trazer para a segurança da nossa comunidade”, afirmou Ulian. “Seguimos mobilizados em busca de soluções junto ao Estado. Ainda há esperança de que o efetivo necessário seja encaminhado.”
JCB: Se a violência é uma grande preocupação dos brasileiros, está na hora dos governantes ouvirem o povo e investir em quem pode fazer frente a essa violência, as polícias.
A violência se descolou das questões sociais e se isolou como a maior preocupação dos brasileiros, segundo pesquisa Quaest realizada no final de abril.
Na pesquisa anterior, divulgada em janeiro, a violência aparecia empatada tecnicamente com questões sociais — categoria que engloba fome, pobreza e população em situação de rua, por exemplo.
É a primeira desde o início da série histórica, em abril de 2023, que a violência aparece isolada no topo. Naquela época, a principal preocupação dos brasileiros era a economia, que agora está em segundo lugar, empatada tecnicamente com as questões sociais.
Família buscou socorro na guarnição da 3ª Companhia do 15º Batalhão de Polícia Militar, no bairro Guajuviras
Correio do Povo
Policiais militares que atuavam na guarnição da 3ª Companhia do 15º Batalhão de Polícia Militar, no bairro Guajuviras, em Canoas, salvaram um bebê de um ano e nove meses que estava engasgado na tarde deste sábado. Devido à situação de emergência, a família buscou socorro diretamente na guarnição da Brigada Militar (BM).
De acordo com a BM, assim que a família chegou ao local, a mãe entregou seu filho aos policiais informando que ele estava engasgado e com dificuldades para respirar. Os policiais iniciaram imediatamente as manobras de primeiros socorros, aplicando a técnica de Heimlich. Após algumas tentativas, conseguiram desobstruir as vias aéreas da criança, que voltou a respirar.
Ainda conforme a BM, o engasgamento teria sido causado por secreção, o que exigiu maior cuidado e persistência dos policiais durante o atendimento. Após estabilizarem a criança, a guarnição a conduziu rapidamente até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão, onde foi atendida pela equipe médica. O bebê permanece em observação, com quadro estável e fora de risco.